terça-feira, 14 de abril de 2009

Biografia: Mary Wollstonecraft Shelley




Nascida em 30 de Agosto de 1797 na cidade de Londres, sua mãe, Mary Wollstonecraft, morreu dez dias após o seu nascimento, mesmo assim foi uma das primeiras feministas da história. Seu pai Willian Godwin, foi um grande escritor e jornalista da época, com idéias revolucionárias ele apoiava as causas feministas junto com sua esposa. Após a morte de sua mãe seu pai se casou novamente e teve uma outra filha Jane Clairmont.

A infância de Mary foi rodeada de intelectuais que faziam parte do circulo de amigos de seu pai, provavelmente o que tenha ajudado e incentivado ela a escrever desde cedo, pois aos 10 anos ela publicou o seu primeiro poema.

Em 1814 Mary conheceu em um jantar oferecido por seu pai o poeta romântico Percy Shelley, ele era casado, mas quando se conheceram foi amor a primeira vista, o pai de Mary não gostou muito da história e fez de tudo para os dois não se aproximarem, mas Shelley ofereceu uma boa quantia em dinheiro para Godwin, ele então permitiu que eles fossem para a Suíça e Mary levou sua irmã Jane, que estava grávida de Byron, passearam pela Europa e em 1816 puderam finalmente se casar, pois a primeira esposa de Shelley havia falecido.

Quando chegaram a Genebra ficaram durante um período na casa de Byron, pois ele havia se separado de sua esposa a pouco tempo, e ela saiu espalhando as pessoas da época que ele era homossexual, com seu amigo John Polidori um médico. Byron resolveu alugar um castelo que ficava as margens de um pântano, e durante um bom tempo os cinco moraram ali, formou-se então um belo circulo de amizade entre eles, Shelley passava horas conversando com Byron sobre diversos assuntos e Mary passeava com Jane pelas redondezas do castelo, esse cenário sombrio, úmido e frio, inspiraram eles a contarem histórias de fantasmas, e escolhiam o período noturno sempre em volta da fogueira, naquela época o romance gótico havia surgido, e toda noite só se contava histórias de fantasmas, vampiros, bruxas e maldições. Foi numa dessas noites que Byron propôs que cada um deles criassem a sua própria história de fantasmas, e a única que conseguiu foi Mary, só que ela foi além do proposto e criou um mito na literatura inglesa e modificou os romances góticos, criando o romance gótico-psicológico. O romance gótico aborda todos os tipos de horrores, mistérios terrificantes, torturas, entre outros, na maioria das vezes o cenário é lúgubre e desolado geralmente em castelos e os personagens são amaldiçoados. No romance psicológico prefere indagar e analisar os motivos íntimos das decisões e indecisões humanas. Como ela inovou criando um monstro criado pelo homem, e logo esse homem se arrepende de sua criação, temos um romance que trata de um tema monstruoso e temos todo o arrependimento do Dr. Frankenstein de ter criado o seu monstro, o cenário é desolado, pois ele cria o monstro em seu laboratório, mas não chega a ser em um castelo. Frankenstein é o principal romance que Mary escreveu. A primeira edição da obra, em 1818, foi um imenso sucesso.

Em 1819, Mary tem uma crise nervosa após a morte de seu filho Willian, que morreu aos 3 anos, de malária. De seus cinco filhos apenas um sobreviveu, Percy Florence. No ano de 1822 Percy Shelley se afogou na Baía de Spezia, próximo a Livorno. Pouco antes quem veio a falecer foi Aleggra, a filha de Byron com Jane. Após dois anos da morte de Shelley foi à vez de Byron morrer. E em 1823, Mary voltou para a Inglaterra e decidiu que nunca mais se casaria. Ela dedicou-se a educação e prosseguiu com sua carreira de escritora. Seu sogro, Sir Timothy Shelley, após a morte de Shelley não ajudou Mary e seu neto em nada, mesmo ela nunca tendo se casado.

Nenhuma de suas outras obras (cerca de 30) obteve o mesmo sucesso que a primeira. Seus trabalhos mais tardios incluem Lodore (1835) e Faulkner (1937), Mathilde (de 1819, publicada em 1959), que traça as relações entre Godwin e Shelley. Valperga (1823) é um romance passado no século 14, e "O último homem" (1826) prevê o fim da civilização humana e a gradual destruição da raça humana através de uma praga. A história é narrada por Lionel Verney, que mora nas ruínas de Roma. As feministas interpretaram como sendo uma fantasia da corrosão total da ordem patriarcal.
Com o tempo, Mary Shelley deixou de escrever romances, quando o realismo começou a ganhar notoriedade. Ela escreveu vários contos para jornais, particularmente para o The Keepsaker, além de produzir vários volumes de "vidas" para a Enciclopédia Cabinet, da Lardner. A primeira edição dos poemas de Shelley (em 1839, 4 volumes) também teve a sua inscrição. Ela ainda tentou fazer uma biografia de Shelley, mas abandonou o trabalho sem o concluir. Faleceu em 1851, aos 54 anos.


A criação de Frankenstein


Mary Shelley, quando criança, foi uma garota muito sonhadora. Nas praias do litoral do Norte do Tay, perto do Dundee, é que fluíam seus primeiros escritos, segundo a autora lá era uma região agradável onde ela podia se comunicar com as criaturas de suas fantasias. Apesar de seus escritos serem feitos sem muito estilo, foi debaixo das árvores dos campos pertencentes a sua casa, ou nas encostas nuas e desoladas das montanhas próximas, que nasceram e floresceram a suas verdadeiras composições e os mais fantásticos vôos de sua imaginação.

No entanto ela foi crescendo e sua vida se tornando mais ocupada e a realidade substituiu a ficção. Depois de seu casamento com Percy Shelley, ele começou a instigá-la a escrever algo que pudesse torná-la famosa como seus pais foram. Porém ele não acreditava que ela seria capaz de produzir algo de importância literária. Mas Mary não se preocupava em realizar esse desejo de seu esposo, pois ela detinha o seu tempo aos cuidados da família e de seus estudos, no intuito de aperfeiçoar as idéias.

No verão de 1816, Mary e Shelley foram à Suíça, mais propriamente em Genebra, e se encontraram com Lord Byron. Entretanto naquele verão estava chovendo muito na Suíça, sendo assim as chuvas abrigava-os a ficar em casa, então, eles aproveitavam para se reunirem e contarem histórias de fantasmas. E foi numa dessas noites que Byron propôs que cada um escrevesse uma história de fantasmas, e sua proposição foi aceita. Eles eram quatro. Byron, que iniciou um conto, um trecho que ele inseriu no final de seu poema ” Mazeppa”. Shelley, mais apto a incorporar as idéias e sentimentos nos versos mais melodiosos do que inventar o enredo de uma história iniciou um conto baseado nas primeiras experiências de sua vida. Polidori fez algo sobre uma mulher que tinha por cabeça uma caveira. Porém os ilustres poetas, entediados pela chatice da prosa, rapidamente abandonaram a tarefa.

Mary foi a única que levou sua tarefa a diante, no início ela tentou escrever algo, mas nada vinha a sua mente, e quando lhe perguntavam como ia sua produção ela ficava entediada. Até que um dia Byron e Shelley, que passavam um longo tempo conversando, discutiram sobre várias doutrinas filosóficas sobre a natureza do princípio da vida e se havia alguma possibilidade de ela ser descoberta e criada, como as experiências do Dr. Darwin, e as terias galvânicas, a qual Shelley havia estudado na Universidade Eton, em que, Luigi Galvani utilizou choques elétricos para animar músculos de rãs.

Naquela mesma noite Mary não conseguiu dormir, sua imaginação que era muito fértil, rolou solta como num sonho. E ela viu um pálido estudioso ajoelhado junto as partes mortais que ele havia reunido. Ela via um corpo estendido, que, sob a ação de uma máquina se movia mostrando sinais de vida. O criador ficava apavorado ao ver sua criação e resolve ir dormir pensando que quando acordasse ela já teria expirado a vida, mal animada, porém ao acordar ele a vê de pé ao lado de sua cama o observando com seus olhos amarelos.

Horrorizada Mary abre os olhos e tenta esquecer aquelas imagens, mas elas insistem em permanecer em sua mente. È aí que Mary lembra de sua tarefa e resolve escrevê-la, do jeito que a viu, pois assim do mesmo jeito que a assustou poderia assustar quem a lesse. No dia seguinte ela anuncia que encontrou a história, que a princípio seria apenas um pequeno conto, só que incentivada por seu esposo ela resolveu aumentá-lo. Surge, então, a obra de horror mais famosa da literatura Inglesa, que inspiraria um século depois autores como Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant, Stevenson, H. G. Wells e Bram Stoker.

Nessa obra encontram-se as teorias de Rousseau, acerca do bom selvagem, a qual Mary teve um bom conhecimento por intermédio das obras de seu pai, que era um havido estudioso do grande filósofo. Sua criação foi a obra que mais ilustrou o dilema do homem moderno no anseio de superar suas limitações.


Referências

(DIVERSOS COLABORADORES). Nova Enciclopédia Barsa. 6ª ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2002.

REVISTA: Panorama de Literatura Inglesa. nº 1. Págs. 26-39. s/d.

MARY, Shelley. Frankenstein. São Paulo: Martin Claret, 2005.

MARY. Shelley. Fankenstein: Tradução e Adaptação em português de Claudia Lopez. São Paulo: Scipione, 1996.

SMITH, Martin Seymour. Os 100 livros que mais influenciaram a humanidade. 5ª ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702001000200001&lng=pt&nrm=iso ACESSO EM 28/08 AS 09:




* Trabalho elaborado por Cássia, Melina, Christiane, Cristina e Yandra, alunas 4° semestre do Curso de Letras da Faculdade Anchieta, à disciplina de Literatura Inglesa, sob a orientação da Prof° Ma. Ana Maria Laiago.

Um comentário:

  1. A Mary Shelley foi mais que uma escritora,nas letras ela descreveu um futuro que hoje se tornou uma realidade com a medicina.Como será o amanhã com os homens brincando de "Deus"?

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