sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pensamento machista, um preconceito cultural



Falar do machismo é remeter ao princípio da criação humana. Segundo o livro de Gêneses, Deus criou o homem e depois, vendo que sua criação necessitava de uma companheira, criou a mulher. A mulher é tida como um subproduto da criação do homem e a partir daí, ela tem a tarefa de obedecer e seguir seu marido.




O machismo é a submissão da mulher ao homem, este se constituiu para oprimi-la, para deixá-la por baixo socialmente. Sua origem remonta a cultura grego-romana em que a mulher não tinha direito a nada, nem ao conhecimento; o estudo era tido como algo libertino, ao qual elas não podiam ter acesso. Durante longos séculos, a mulher foi privada de expressar seus sentimentos e demonstrar suas opiniões.




Nas diversas sociedades, observa-se que há séculos a mulher não tem o seu espaço, este só é concedido ao homem, que se tornou o centro do universo, a partir da época Renascentista, momento em que ele obtém destaque como um ser dotado de conhecimento.




Se desde os primórdios dos tempos, as mulheres são privadas de suas ações, o machismo se intensifica. Mesmo atualmente, com o avanço tecnológico e a participação de muitas mulheres em diversos campos profissionais, ainda restam pensamentos retrógrados que as oprimem e exaltam a masculinidade machista e mecânica do homem.




O pensamento machista esta cravado em nossa cultura e mesmo com as revoluções sociais, há pessoas (homens e mulheres) que pensam na existência da superioridade masculina. O que acontece é que esse pensamento foi passado de geração em geração. Durante anos mulheres se sujeitaram a tantas opressões que achavam natural os homens terem poder sobre elas. É muito comum ouvirmos de nossas avós que “uma mulher deve obedecer a seu marido e servi-lo em tudo”, mesmo se ele a maltratasse, ela não tinha o direito de reivindicar. Certa vez assisti a um depoimento de uma mulher que há anos sofria com seu marido, era espancada entre outras coisas. Um dia ela decidiu buscar ajuda e foi até a casa de sua mãe, ela queria abandoná-lo, no entanto quem deveria lhe dar apoio, disse que não a ajudaria e que voltasse a sua casa e se sujeitasse a opressão. Observa-se que as mulheres condicionadas às atitudes machistas de seus maridos, consideram normal serem maltratadas e traídas após o casamento. Por exemplo, na década de 60 uma mulher que se separasse de seu esposo não era bem vista pela sociedade, ela era criticada e mal tratada, mas ninguém questionava sobre os motivos que a levou a tomar essa decisão.




Assim é possível ver em nossos dias, o pensamento machista enraizado à cultura brasileira. Se pararmos para pensar: o que leva um homem a maltratar uma mulher e tentar diminuí-la em suas potencialidades? É que o homem tem na verdade um grande medo da perda e não suporta ver sua mulher ou as mulheres em geral sendo superiores a ele (s). Preocupados em obter pela força o poder, deixaram de lado os sentimentos, coisa, segundo eles, dada apenas às mulheres. Mas assim como a mulher, ao homem também foi dado o sentir, porém não sendo usado foi esquecido por eles. Isto é percebido desde a infância, em que o garoto já é estimulado e ensinado a não demonstrar seus sentimentos, se sofre tem que agüentar e não transparecer nada.




A luta em prol do fim do machismo vem sendo realizada pelas feministas por séculos. Seu objetivo é promover a igualdade entre os sexos. Muitas conquistas já foram obtidas, mas ainda resta excluir o pensamento machista arraigado em nossa cultura. A falta de estudo e as más informações transmitidas pela família e pela mídia ainda contribuem para a divagação dessa forma antiquada de pensar. Por isso para a evolução do pensamento social é necessário deixar os preconceitos de lado e lutar juntos pelos mesmos direitos, esse é o primeiro passo para entrarmos numa nova fase da história da humanidade.




FONTE: DIRANI, Zenia Cazzulo. O despertar da mulher é o despertar do homem. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1986.

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