Elaborar
poesias não é uma tarefa para qualquer pessoa, requer muito suor, para alguns
uma pitada de sofrimento ou alguma desilusão e o descobrimento da veia
artística, o chamado “dom”. Foi assim que a professora de Língua Portuguesa,
Melina Murano (28 anos), se descobriu como poeta. Melina que nasceu e reside em
Diadema (SP) é professora da rede estadual de ensino na mesma cidade e leciona
para alunos do Ensino Fundamental.
O gosto
pela leitura e por poesia sempre fez parte da vida de Melina, porém ela não se
arriscava a produzir nada. Apesar do
desejo reprimido, ela tinha medo de não saber expressar seus sentimentos e se
limitava à apenas apreciar a beleza poética de seus autores prediletos. A
coragem em enfrentar seus medos se deu após uma cirurgia no tornozelo, em que a
professora teve que ficar em recuperação por aproximadamente um ano. Em casa e
com vários sentimentos acumulados brotou a primeira poesia de Melina, daí ela não
parou mais.
Suas
poesias são introspectivas, refletindo o profundo da alma do “eu” lírico.
Inspirada em poetas como Fernando Pessoa e Cecília Meireles, aos quais ela afirma:
“são meu desequilíbrio, onde eu me perco
para depois me achar”. Ao produzir uma poesia, Melina se inspira nos
sentimentos, segundo a poeta “aqueles mais feios, que ninguém gosta, mas todo
mundo tem”.
Melina
Murano também se identifica com outros autores, como Mário Quintana, Carlos
Drummond de Andrade, Florbela Espanca, Augusto dos Anjos, Cora Coralina, Cruz e Sousa, entre
outros, e se considera uma boa leitora. Por enquanto, ela só escreve poemas,
mas diz já possuir alguns rascunhos de crônicas, que pretende concluir em
breve.
Escrevo a
dor
Escrevo o
que
O coração
grita
E a boca
cala.
Palavras
feias
Não podem
ser
Pronunciadas.
Coração
maldito,
Sentimentos
aflitos,
Pensamentos
restritos
São o
óbito
Do sonho
mórbido.
Sucumbiu
a alma
Como uma
arma
E morreu
na cama.
Não
levantou para
Mais um
dia.
(Melina
Murano)
Por
Cássia Nascimento
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