Escrever não é uma tarefa tão fácil
como alguns podem pensar. A escrita requer uma série de conhecimentos que não
são adquiridos de uma hora para outra, mas que fazem parte do estudo e da
prática contínua levando ao aperfeiçoamento da técnica.
O incentivo a leitura desde a infância
e o convívio familiar, regado ao bom uso das normas da língua, propiciam uma
facilidade e assimilação das regras da linguagem culta na fase escolar. Já a
ausência dessas práticas leva à deficiência na escrita e a dificuldades que
quando não sanadas no estudo básico prolongam-se no ensino superior, devido à
precariedade da educação pública em nosso país por uma série de fatores.
As inadequações mais corriqueiras e
alguns vícios lingüísticos da fala se refletem na escrita. Com o objetivo que
esclarecê-los, selecionei os casos mais corriqueiros na produção textual.
1. Coesão
e Coerência textual
Na construção de um texto, bem como na
fala, usamos mecanismos lingüísticos para garantir que o interlocutor entenda o
que se diz ou lê. Esses mecanismos estabelecem conectividade ou a retomada de
algo já dito ou que vai dizer. São referentes textuais que buscam garantir a
Coesão dentro do texto para que haja Coerência, não apenas dos elementos que
compõe a oração, mas também da sequência de orações dentro do texto.
Coesão é uma sequência de termos ou
expressões dentro do texto que buscam uma relação de sentido entre si. A
Coerência é um fator decorrente da Coesão, seria o sentido, a compreensão das ideias
por meio do emprego correto dos termos de Coesão.
O emprego de diversos termos dentro de
uma oração seja de caráter lexical (repetição, substituição ou associação de
palavras ou expressões); gramaticais (o emprego de pronomes, conjunções,
adjetivos, numerais) constroem orações e períodos que formam o contexto, ou
seja, a Coerência textual.
Quando se diz que um texto está
incoerente, é porque o emprego dos elementos de coesão está carente de sentido ou
em desacordo (contraditório). A construção de um parágrafo requer referentes de
coesão que confiram sentido ao texto. A junção de idéias de forma coerente
confere um bom entendimento do texto por parte do leitor.
2. Eco
Consiste na repetição de palavras
terminadas com o mesmo som dentro do texto.
Ex.:
Vicente
já não sente dores de dente tão freqüentemente como antigamente quando estava
no Oriente.
OBS: O eco na prosa é considerado um vício,
um defeito. Já na poesia é o fundamento da rima.
3. Barbarismo
Consiste em grafar ou pronunciar
palavras em desacordo com a norma culta. O Barbarismo pode aparecer de diversas
formas: pronúncia, grafia, morfologia e semântica.
Pronúncia
- Pograma (o certo seria programa)
- Rúbrica (o certo seria rubrica)
- Pograma (o certo seria programa)
- Rúbrica (o certo seria rubrica)
Grafia
- Etmologia (o certo seria etimologia)
- Advinhar (o certo seria adivinhar)
- Seguimentos (o certo seria segmentos)
- Maizena (o certo seria maisena)
- Etmologia (o certo seria etimologia)
- Advinhar (o certo seria adivinhar)
- Seguimentos (o certo seria segmentos)
- Maizena (o certo seria maisena)
Morfologia
- Quando eu pôr o vestido (o certo seria puser)
- Quando eu pôr o vestido (o certo seria puser)
Semântica
- Assim que chegaram à metrópole, absolveram a poluição (o certo seria absorveram)
- Assim que chegaram à metrópole, absolveram a poluição (o certo seria absorveram)
4. Redundância
Repetir uma palavra, expressão ou
ideia que já foi dita não acrescentando nenhuma informação relevante. A
redundância é muito comum na fala e também na escrita, porém tem que ser
evitada.
Exemplos:
- Eu e minha irmã repartirmos o
chocolate em duas partes iguais. (Ao
dividir um chocolate pelo meio as duas partes só podem ser iguais)
- Vou entrar para dentro. (Entrar só pode ser para dentro)
- O Estado exportou para fora menos roupas esse ano. (Não há como exportar
para dentro, aí seria importar)
- Ana estreou seu vestido novo.
(Estrear já significa que é novo)
5. Parônimos
e homônimos mais freqüentes
Onde
/ Aonde
Emprega-se aonde com os verbos que dão ideia de movimento. Equivale sempre a para onde.
Exemplos:
- Aonde você vai?
- Aonde nos leva com tal rapidez?
Naturalmente, com os verbos que não
dão idéia de movimento emprega-se onde.
Exemplos:
- Onde estão os livros?
- Não sei onde encontrar.
Obs.: Onde só se refere a lugar, sendo errado, seu emprego no lugar da
expressão em que.
Ex.: A casa onde fui é linda. (O correto é: A casa em que fui é linda.)
Mau/Mal
Mau
é adjetivo, seu
antônimo é bom.
- Escolheu um mau momento. (Escolheu um bom
momento)
- Era um mau aluno. (Era um bom
aluno)
Mal
pode ser:
a)
Advérbio
de modo (antônimo de bem)
Ele se
comportou mal. (Ele se comportou bem)
Seu argumento
está mal estruturado. (Seu argumento está bem estruturado)
b)
Conjunção
temporal (equivale a assim que)
Mal chegou,
saiu. (Assim que chegou saiu)
c)
Substantivo
O mal não tem
remédio.
Ele foi
atacada por um mal incurável.
Cessão/ Sessão/
Secção/ Seção
Cessão significa o ato de ceder
Ele fez a cessão dos seus direitos autorais.
A cessão do terreno para a construção do estádio agradou
todos os torcedores.
Sessão é o intervalo de tempo que dura uma
reunião.
Assistimos a uma sessão de cinema.
Reuniram-se em sessão extraordinária.
Secção
(ou Seção) significa
parte de um todo, subdivisão.
Lemos a notícia na secção (ou seção) de esportes.
Compramos os presentes na secção (ou seção) de brinquedos
Há/
a
Na indicação de tempo, emprega-se:
Há
para indicar passado
(equivale a faz)
Há dois meses que ele não aparece. Ele
chegou da Europa há um ano.
A
para indicar tempo
futuro
Daqui a dois meses ele aparecerá. Ele
voltará daqui a um ano.
Obs.: Há já indica passado, por isso é errado
e redundante colocar a palavra atrás
após seu uso.
Por
Cássia Nascimento
Graduada
em Letras
Estudante
de Jornalismo
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