domingo, 6 de maio de 2012

A escrita e suas problemáticas


Escrever não é uma tarefa tão fácil como alguns podem pensar. A escrita requer uma série de conhecimentos que não são adquiridos de uma hora para outra, mas que fazem parte do estudo e da prática contínua levando ao aperfeiçoamento da técnica.
O incentivo a leitura desde a infância e o convívio familiar, regado ao bom uso das normas da língua, propiciam uma facilidade e assimilação das regras da linguagem culta na fase escolar. Já a ausência dessas práticas leva à deficiência na escrita e a dificuldades que quando não sanadas no estudo básico prolongam-se no ensino superior, devido à precariedade da educação pública em nosso país por uma série de fatores.
As inadequações mais corriqueiras e alguns vícios lingüísticos da fala se refletem na escrita. Com o objetivo que esclarecê-los, selecionei os casos mais corriqueiros na produção textual.

1.    Coesão e Coerência textual

Na construção de um texto, bem como na fala, usamos mecanismos lingüísticos para garantir que o interlocutor entenda o que se diz ou lê. Esses mecanismos estabelecem conectividade ou a retomada de algo já dito ou que vai dizer. São referentes textuais que buscam garantir a Coesão dentro do texto para que haja Coerência, não apenas dos elementos que compõe a oração, mas também da sequência de orações dentro do texto.
Coesão é uma sequência de termos ou expressões dentro do texto que buscam uma relação de sentido entre si. A Coerência é um fator decorrente da Coesão, seria o sentido, a compreensão das ideias por meio do emprego correto dos termos de Coesão.
O emprego de diversos termos dentro de uma oração seja de caráter lexical (repetição, substituição ou associação de palavras ou expressões); gramaticais (o emprego de pronomes, conjunções, adjetivos, numerais) constroem orações e períodos que formam o contexto, ou seja, a Coerência textual.
Quando se diz que um texto está incoerente, é porque o emprego dos elementos de coesão está carente de sentido ou em desacordo (contraditório). A construção de um parágrafo requer referentes de coesão que confiram sentido ao texto. A junção de idéias de forma coerente confere um bom entendimento do texto por parte do leitor.

2.    Eco

Consiste na repetição de palavras terminadas com o mesmo som dentro do texto.
Ex.: Vicente já não sente dores de dente tão freqüentemente como antigamente quando estava no Oriente.
OBS: O eco na prosa é considerado um vício, um defeito. Já na poesia é o fundamento da rima.

3.    Barbarismo

Consiste em grafar ou pronunciar palavras em desacordo com a norma culta. O Barbarismo pode aparecer de diversas formas: pronúncia, grafia, morfologia e semântica.
Pronúncia
- Pograma (o certo seria programa)
- Rúbrica (o certo seria rubrica)
Grafia
- Etmologia (o certo seria etimologia)
- Advinhar (o certo seria adivinhar)
- Seguimentos (o certo seria segmentos)
- Maizena (o certo seria maisena)
Morfologia
- Quando eu pôr o vestido (o certo seria puser)
Semântica
- Assim que chegaram à metrópole, absolveram a poluição (o certo seria absorveram)

4.    Redundância

Repetir uma palavra, expressão ou ideia que já foi dita não acrescentando nenhuma informação relevante. A redundância é muito comum na fala e também na escrita, porém tem que ser evitada.
Exemplos:
- Eu e minha irmã repartirmos o chocolate em duas partes iguais. (Ao dividir um chocolate pelo meio as duas partes só podem ser iguais)
- Vou entrar para dentro. (Entrar só pode ser para dentro)
- O Estado exportou para fora menos roupas esse ano. (Não há como exportar para dentro, aí seria importar)
- Ana estreou seu vestido novo. (Estrear já significa que é novo)

5.    Parônimos e homônimos mais freqüentes

Onde / Aonde
Emprega-se aonde com os verbos que dão ideia de movimento. Equivale sempre a para onde.
Exemplos:
- Aonde você vai?
- Aonde nos leva com tal rapidez?
Naturalmente, com os verbos que não dão idéia de movimento emprega-se onde.
Exemplos:
- Onde estão os livros?
- Não sei onde encontrar.
Obs.: Onde só se refere a lugar, sendo errado, seu emprego no lugar da expressão em que.
Ex.: A casa onde fui é linda. (O correto é: A casa em que fui é linda.)

Mau/Mal
Mau é adjetivo, seu antônimo é bom.
- Escolheu um mau momento. (Escolheu um bom momento)
- Era um mau aluno. (Era um bom aluno)
Mal pode ser:
a)    Advérbio de modo (antônimo de bem)

Ele se comportou mal. (Ele se comportou bem)
Seu argumento está mal estruturado. (Seu argumento está bem estruturado)

b)    Conjunção temporal (equivale a assim que)

Mal chegou, saiu. (Assim que chegou saiu)

c)    Substantivo
O mal não tem remédio.
Ele foi atacada por um mal incurável.


Cessão/ Sessão/ Secção/ Seção

Cessão significa o ato de ceder

Ele fez a cessão dos seus direitos autorais.
A cessão do terreno para a construção do estádio agradou todos os torcedores.

Sessão é o intervalo de tempo que dura uma reunião.

Assistimos a uma sessão de cinema.
Reuniram-se em sessão extraordinária.

Secção (ou Seção) significa parte de um todo, subdivisão.
Lemos a notícia na secção (ou seção) de esportes.
Compramos os presentes na secção (ou seção) de brinquedos

Há/ a
Na indicação de tempo, emprega-se:
para indicar passado (equivale a faz)
Há dois meses que ele não aparece. Ele chegou da Europa há um ano.
A para indicar tempo futuro
Daqui a dois meses ele aparecerá. Ele voltará daqui a um ano.
Obs.: já indica passado, por isso é errado e redundante colocar a palavra atrás após seu uso.

Por Cássia Nascimento
Graduada em Letras
Estudante de Jornalismo

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